Enfim, estamos chegando ao final de 2020, um ano que vai entrar para a história, seja pelos desafios enfrentados em decorrência da pandemia ocasionada pela COVID-19, seja pela mudança nos hábitos dos mais de 7,8 bilhões de seres humanos em todo o planeta.
Realmente, 2020 foi um ano extremamente desafiador, um ano de incertezas e um ano de muita preocupação. Vivemos momentos de grandes instabilidades econômicas, empresariais e emocionais. Tivemos que tirar ‘leite de pedra’, se reinventar em meio ao cenário desafiador para os negócios e para a vida como um todo.
Crise econômica, bolsas ao redor do mundo caindo vertiginosamente, levando ao desespero os inúmeros investidores experientes e destruindo sonhos dos novos investidores.
Infelizmente, muitas vidas foram perdidas, presenciamos um verdadeiro embate político em torno dessa pandemia e conseguimos separar o ‘joio do trigo’, além de conseguirmos nos adaptar mesmo com tantas situações adversas.
Os empresários brasileiros amargaram grandes e graves prejuízos e, mesmo com um cenário negativo, preservaram muitos empregos, até pela incerteza de como o mercado reagiria inicialmente. Ainda nesse sentido, muitas empresas tentaram se adequar a essa nova realidade, mas em determinado momento, faltou fôlego ao empresário e muitos, por uma grande infelicidade, acabaram sucumbindo aos efeitos da pandemia.
Por outro lado, temos grandes expectativas para 2021, por mais que ainda exista uma determinada incerteza, é o momento de acreditar, de fazer planos, de voltar a aquecer a economia e, com toda a certeza, 2021 trará de volta a confiança do empresário, a retomada econômica e, principalmente, a certeza de dias melhores.
A esperança pela vacina passou a ser uma realidade, alguns países já iniciaram seus programas de imunização e o Brasil não fica atrás, dadas as devidas proporções e sem entrar no mérito político da questão, é notório que a imunização da população brasileira deve iniciar-se em janeiro de 2021.
As vacinas animaram os mercados, bolsas em volta do mundo estão se recuperando, dólar voltou a cair, entretanto, teremos um 2021 atípico. Estimo um 1º trimestre de grandes desafios e a partir do 2º trimestre de 2021 um cenário mais promissor, de recuperação econômica lenta, mas ainda assim de recuperação.
As reformas administrativa, política e tributária não podem ser deixadas de lado e, somadas a eventuais privatizações, farão com que o país continue no caminho do crescimento, se desenvolva e traga de volta a confiança do mercado interno e externo, criando empregos e gerando riqueza.
Neste sentido, destaco os temas que necessitam de uma melhor apreciação, devem ser destravados em caráter de urgência e que estão na agenda legislativa, sendo eles: (i) reforma tributária, (ii) reforma administrativa, (iii) independência do Banco Central, (iv) modernização do setor elétrico, (v) concessões e PPP´s, (vi) autorização de ferrovias.
Não obstante a tudo isso, é cristalino que 2020 deixou sequelas e fez com que muitas empresas passassem por sérias dificuldades, ao passo que, em muitos momentos, o empresário teve que decidir entre pagar seus tributos ou pagar seus funcionários, e como sempre, é óbvio que preteriu seus funcionários, deixando para trás dívidas tributárias gigantescas em razão de todo esse cenário caótico que atravessamos.
Neste momento, caberá agora aos Governos Federal, Estadual e Municipal a criação de programas de parcelamentos para uma plena e viável recuperação destas empresas. O empresário precisa de ajuda, o empresário gera empregos, movimenta a economia e deve ser visto como fundamental para o Brasil, para a economia e para as pessoas.
Facilitar o acesso ao crédito com taxas condizentes com a realidade enfrentada será de suma importância. São medidas simples, mas que podem reestruturar economicamente às empresas e consequentemente o Brasil. Aumentar sustentavelmente e de forma eficiente o acesso ao crédito para empresas e famílias deve estar na pauta dos governos para o próximo ano.
Ao empresário, cabe agir preventivamente, reestruturar sua atividade, elaborar um plano de ação centrado na assertividade, olhar para todas as áreas da empresa, de forma interligada, seja área financeira, jurídica, comercial, produtiva, marketing, suprimentos, todas devem ter uma atenção especial neste momento, não há mais espaço para errar, profissionalizar será fundamental e ditará os rumos de um futuro promissor.
O ano de 2020 definitivamente não vai deixar saudades, mas com toda a certeza foi um ano de aprendizado, de adaptação e de superação e, em 2021, estamos mais fortalecidos. E isso fará toda a diferença.
*Luis Castelo, sócio e diretor executivo da Lopes & Castelo Sociedade de Advogados. Especialista em direito tributário e gestor de novos negócios e estruturação empresarial
Fonte: Estadão