Nos últimos anos, a Inteligência Artificial tem se estabelecido como uma ferramenta indispensável ao mercado de bens e serviços, transformando a maneira como as empresas operam e competem num cenário cada vez mais digital.
Atualmente, uma das principais aplicações da Inteligência Artificial no ramo empresarial é o atendimento ao cliente, através da utilização de chatbots e assistentes virtuais. Com essas ferramentas, as empresas são capazes de oferecer suporte imediato e personalizado aos clientes, garantindo rápido atendimento, ininterrupto, por 24 horas por dia, sete dias por semana.
Complementarmente, a Inteligência Artificial tem sido muito utilizada para campanhas de marketing, onde através da análise de comportamento do consumidor, bem como de suas preferências e histórico de compras, é possível prever tendências de mercado para otimizar as campanhas de vendas, visando assim alcançar o público desejado com a mensagem necessária. Atualmente, a prática é muito difundida pelo uso de cookies nos websites das empresas.
Além disso, por meio da coleta e processamento de informações em tempo real, possibilitado pelo uso da Inteligência Artificial, as empresas podem tomar decisões cada vez mais informadas e precisas, aumentando a eficácia e competividade da organização no mercado empresarial e industrial.
Essa abordagem – se realizada corretamente – não apenas melhora a experiência do cliente, como também reduz custos operacionais, disponibilizando a equipe profissional para lidar com questões mais complexas e estratégicas, além da atual capacidade técnica das Inteligências Artificiais amplamente comercializadas.
Contudo, ao abordar sobre Inteligência Artificial como instrumento de trabalho, é comum nos depararmos com questões éticas, jurídicas e de segurança. Muito se debate, por exemplo, sobre a capacidade de um equipamento informatizado (robotizado) substituir dezenas, se não centenas de trabalhadores, fato que aumentaria exponencialmente a taxa de desemprego. Ainda, a responsabilização dos agentes em caso de inconformidades praticadas por Inteligências Artificiais ainda encontra controvérsias, afinal, a culpa é da empresa que emprega o uso da tecnologia, ou da empresa que a desenvolveu?
Neste sentido, tramita no Senado o Projeto de Lei n° 2.338/23, que dispõe justamente sobre o uso da Inteligência Artificial, visando regulamentar a utilização destas ferramentas, estipulando os princípios sob os quais a Inteligência Artificial deve ser submetida, bem como os direitos do cidadão enquanto alvo e usuário desta ferramenta e penalidades para agentes responsáveis por violações cometidas pela Inteligência Artificial.
Cabe ainda destacar que o PL, pela forma em que foi desenvolvido, se torna positivo para a própria inovação. Isso porque as inseguranças jurídicas que existiam sobre o tema – que impedia muitos avanços sobre o uso da Inteligência Artificial no meio corporativo – poderão ser sanadas, caso o PL seja aprovado. Vale dizer, ainda, que a proposta é, em partes, alinhada com as medidas que a União Europeia vem discutindo sobre o tema, o que possibilitará maior integração no mercado multinacional.
Em conclusão, é certo dizer que a Inteligência Artificial está revolucionando o mercado empresarial, oferecendo diversas oportunidades para aprimorar os processos internos e a experiência do cliente, de modo que as empresas que a adotarem de forma estratégica e responsável estarão melhor posicionadas para enfrentarem os desafios do mercado e prosperar em um cenário cada vez mais competitivo.
Luis Felipe Tolezani
Assistente Jurídico de Direito Digital